Qual o nível de ensino mais importante na vida do aluno?

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24 de outubro de 2022

Na Educação Básica, a vida escolar do aluno começa na educação infantil e termina no Ensino Médio. Posteriormente, os estudos podem se desenvolver até a fase adulta e, dependendo da profissão/ocupação e dos interesses pessoais, desenvolver-se indefinidamente. Na educação em geral, é comum encontrarmos defensores da ideia de que os níveis correspondentes às séries mais elevadas são mais importantes.

Nesse imaginário, somente quando o filho estiver maior, geralmente no ensino médio, valerá a pena investir em escola mais qualificada e com maior cobrança por aprendizagem. No entanto, as teorias e os fatos se contrapõem a essa lógica.

A aprendizagem é o empreendimento mais difícil na vida de uma pessoa e possivelmente o mais complexo na construção de uma sociedade. Não há fórmulas, programas, métodos e/ou soluções fáceis; é um continuum que se inicia antes mesmo do nascimento da criança e a acompanha por toda a vida, em todos os lugares. Em outras palavras, o acesso à cultura e ao conhecimento científico elaborado e a construção de uma vida baseada no conhecimento exigem investimento de tempo, dinheiro e esforço. Trazendo para o campo escolar, mesmo considerando a relevância de todas as faixas etárias e níveis de ensino, é consenso que os primeiros anos de escola são decisivos para a aprendizagem futura dos alunos.

Nos anos iniciais, com o cérebro em formação e com plasticidade e fluidez para se adaptar a diferentes situações de aprendizagem, os ganhos no processo de aprender são imensos. A aprendizagem das crianças pequenas não resulta apenas em aquisição de conteúdo e formação de conceitos; vai além, diz respeito à modelagem da própria estrutura cognitiva, que, uma vez desenvolvida, servirá de base para novas aprendizagens. Por isso, algumas habilidades são mais fáceis e simples para crianças do que para os adultos, que apresentam estruturas cognitivas rígidas.

Não à toa, a alfabetização em língua portuguesa e inglesa, a construção do raciocínio matemático, os princípios gerais de ciências naturais, a sensibilidade artística, o desenvolvimento corporal, etc., ocorrem aí. Ignorar a importância da formação da estrutura cognitiva em crianças da educação infantil e do ensino fundamental compromete o aprendizado futuro, tornando difícil e até mesmo inviável a recuperação nas séries posteriores.

Definitivamente, as escolas, as famílias e a sociedade como um todo precisam se debruçar sobre os primeiros anos de escolarização. Nesses níveis são necessários os melhores professores, os materiais e os métodos mais avançados, investimento e rigor epistemológico. Infelizmente, ainda há uma crença de que o ensino para crianças pode ser despretensioso, recuperável e paciente. Como alerta, há de se destacar que investir em educação de qualidade para os pequenos é o caminho mais seguro para o desenvolvimento do futuro das crianças, individualmente, e dos índices da educação em geral.

Os dados escolares que apontam a defasagem da aprendizagem, principalmente no fim do Ensino Fundamental e no Ensino Médio, são resultado da falta de aproveitamento nas séries iniciais. As escolas precisam investir em projetos sérios na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, principalmente no que diz respeito à formação do repertório do aluno. O repertório é composto pelos recursos que utilizamos para responder às demandas cotidianas do conhecimento.

Compreender um filme, aprender uma nova língua, entender a linguagem matemática, participar de brincadeiras educativas, desenvolver o gosto pela arte, etc. são missões que precisam ser incorporadas seriamente no cotidiano por profissionais e escolas que entendam a indispensabilidade da aprendizagem significativa. E, por último, o mais importante: livros. Existe uma infinidade de estudos e de experiências práticas que demonstram a importância da leitura para o desenvolvimento da imaginação e da criatividade em todas as idades, principalmente, nas crianças.

O movimento geral nas escolas aponta para adoção de plataformas de ensino e/ou ensino remoto, apostilas e materiais engessados que, além de não ensinarem, podam a criatividade dos professores e dos alunos. Não se trata de fazer uma ode ao passado e negar a importância das novas tecnologias na educação; trata-se de compreender que elas não podem substituir o processo imagético que a leitura proporciona.

Em um teste simples, compare o desenvolvimento de uma criança que lê na escola e em casa com o desenvolvimento de outra que passa horas nas telas, principalmente no celular: vocabulário, formas de expressão, imaginação e disponibilidade para o movimento criativo são estruturalmente diferentes. Tomara que diretores, professores, pais e principalmente gestores públicos entendam a complexidade de tudo isso e não comprometam o futuro da educação; afinal, formar adultos melhores é uma missão que começa agora.


Volnei Sacardo
Diretor Pedagógico – Colégio Antares

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